quarta-feira, 14 de março de 2012

devaneios da metamorfose.

Estes dias de sol acalentam-me a alma. Têm um qualquer toque especial de me darem instantaneamente paz de espírito. Meus cabelos negros transformam-se num vermelho que nem é forte, nem transparece fraqueza, quando o sol beija as suas ondas capilares. É assim que começa uma paixão. Nem é tão forte que se admita, nem é tão fraca que se consiga esconder.

Lembro-me então do dia em que te conheci. Parecia uma criança. Os meses anteriores tinham sido a minha recuperação emocional e quando te conheci posso dizer que era feliz. Uma criança feliz e inocente. Desconfiada, mas ingénua. Era um dia como o de hoje em que o sol está beijoqueiro e todos os nossos sentidos se elevam e se deixam levar. Lembro-me da minha incredulidade quando me confessaste um sentimento maior. Talvez hoje continue incrédula porque uma pessoa como tu não gosta de uma pessoa como eu. Tu não gostas de marcar horas, mas gostas de marcar planos. Eu gosto de marcar horas sem planear nada para elas. Eu adoro falar sobre a vida e sentimentos, sentir-me radiante por ter encontrado uma resposta a uma pergunta existencial. Tu não gostas de pensar demais, nem que eu pense demais. Tu vais vivendo a tua vida por ti e para ti, ser a personagem principal (e única?) da tua própria história. Eu anseio partilhar a minha história e aquele feixe de luz do holofote com alguém que complete a minha vida. Afinal, um bom filme não se faz com uma só personagem. Por vezes, pergunto-me se quando isto acontece as pessoas se completam realmente ou se as divergências provocam um choque impossível de digerir durante o resto da vida. Como é que algo pode fluir se tiver de haver algum sacríficio? Eu acredito que quando há amor, um esforço não é um sacríficio. Quando passa a ser, se calhar o amor já morreu.

Ando a ler este livro que aborda os assuntos mais difíceis de falarem comigo: a Igreja, a homossexualidade e o verdadeiro amor. Ninguém sabe o que é o verdadeiro amor até encontrá-lo, mas saberá amar o melhor que pode. A Igreja para mim é uma hipocrisia, apesar de frequentá-la. (Talvez eu própria seja um hipócrita do caraças!). A homossexualidade e a heterossexualidade para mim são só maneiras de classificar as pessoas. Ninguém escolhe quem ama. Nós amamos uma pessoa, não um homem ou uma mulher. Nós amamos quem essa pessoa é, e não aquilo que ela é. E não sei quem é a Igreja para limitar a nossa capacidade de amar quando Deus ama incondicionalmente homens e mulheres. E, sinceramente, não há nada melhor que sermos amados por quem realmente somos. O que infelizmente às vezes acontece é sermos amados por aquilo que somos, até que um dia deixamos de ser. Isto porque as pessoas mudam. As pessoas crescem.

Continua...

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