sexta-feira, 14 de setembro de 2012

dança em ti.

O sol beijava-me com os últimos raios do dia, quando entro no edifício branco de portas automáticas. Percorro silenciosamente os corredores que me levam às escadas do meu destino. Ao fundo da sala, estavas tu, sem notar a minha presença. 

De longe, cativas a atenção com grandiosos movimentos que se conjugam com a melodia de acordes dedilhados e, por isso, cresce em mim uma ânsia de criança que observa algo pela primeira vez. Deixo-me tentar pela vontade de me aproximar e perco-me na energia que deixas voar nesta pequena sala. Sem carregar em quaisquer interruptores, iluminas o teu próprio palco, flutuando entre quedas suaves e saltos majestosos. 

O teu olhar, perdido em ti mesma e nesse todo que só a ti pertence, distrai-se por breves segundos ao notares a minha chegada. Sorris… Esse sorriso esplendoroso que aquece os corações mais frios e desperta os mais tímidos… Sorris, sem te perderes da fluidez da tua alma que, embora invisível, está mais exposta que nunca. Reparo na profunda intensidade do teu olhar e perco-me por instantes, observando cada pormenor do teu corpo e cada movimento da tua anatomia. Os teus cabelos soltos desenham ondas no ar e, quando por breves segundos sustens a respiração numa pausa dos teus compassos, beijam-te a pele morena  inebriada de magia. 

Envolves-te no êxtase dos últimos passos, dos movimentos que se esgotam, da alma que se entrega ao seu próprio corpo e do corpo que explode energia. Todos sentem; respiram em uníssono. A música adormece...

E tu vens ter comigo.

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